Além de dois integrantes de instituições brasileiras, o curso contou com representantes de Cuba, Costa Rica, Nicarágua, Venezuela e Peru

Em meio à tensão da guerra no Leste Europeu, a Polícia Civil de Sergipe contou com um representante no curso ‘Cibersegurança em Telecomunicações Móveis’, promovido pelo Ministério das Relações Exteriores da Rússia. A formação – que ocorreu em território russo e a menos de 300km da fronteira com a Ucrânia – contemplou a apresentação de estratégias e tecnologias avançadas de prevenção, identificação e enfrentamento aos crimes praticados com o uso da internet, inclusive com uso de dispositivos móveis como celulares. Além de amplificar o arcabouço de conhecimentos técnico da Divisão de Inteligência (Dipol), as instruções permitem ampliar as investigações de crimes cibernéticos em Sergipe.

Apenas dois servidores de instituições da segurança pública brasileira participaram das instruções que ocorreram entre os dias 10 e 20 de dezembro do ano passado na cidade russa de Voronezh, dentre eles o oficial investigador Wagner Andrade de Lucena, analista da Dipol, da Polícia Civil sergipana. Além dos representantes brasileiros, participaram integrantes da segurança pública de Cuba, Costa Rica, Nicarágua, Venezuela e Peru. O deslocamento, permanência e o próprio curso foram custeados pelo Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
Wagner Lucena explicou que o convite foi feito pela instituição russa em uma iniciativa internacional para fortalecer o combate aos crimes cibernéticos. Além dele, participou do curso pelo Brasil um delegado da Polícia Civil do Tocantins. “Eu fui convidado para fazer um curso de dez dias na Rússia e foi uma honra aceitar o convite, recebido por conta da nossa atividade nessa área de cibercrimes no Brasil”, detalhou o oficial investigador.

O curso teve duração de dez dias, ocorrendo em regime de internato na Escola de Polícia, localizada na cidade de Voronezh. “Fomos para Moscou e, de lá, seguimos em uma van até a cidade de Voronezh, que fica a 600km da capital da Rússia. Foi um curso intenso, e nós passamos esses dez dias tendo aulas pela manhã e tarde. À noite, a gente descansava para retornar às aulas do curso”, relembrou Wagner Lucena.
Totalmente voltado à cibersegurança, o curso representou a oportunidade de estar em um país que é referência em ações e iniciativas de segurança digital, assim como ressaltou o oficial investigador da Polícia Civil de Sergipe Wagner Lucena. “Então, a gente enquanto policial, foi uma oportunidade única e extraordinária para nós. Foi também uma oportunidade de trazer esse conhecimento para Sergipe e para colegas de outros estados”, comentou.

Embora tenha sido um curso intenso e rigoroso com horários e a tecnicidade dos conteúdos ministrados nas aulas, conforme avaliou Wagner Lucena, as instruções permitiram o conhecimento acerca da atividade de inteligência e como a Rússia investiga crimes cibernéticos. “Mas, quando trazemos para a nossa realidade, percebemos que os crimes são os mesmos, não diferentes”, ponderou o oficial investigador sergipano.
Dentre os aprendizados elencados por Wagner Lucena, está o uso de estrutura avançada presente na Rússia para investigação de crimes cometidos com o uso da internet. “Eles têm uma estrutura de tecnologia bastante avançada. O conhecimento adquirido lá na Rússia será replicado no Brasil e aplicado no combate à criminalidade cibernética também no território brasileiro”, ressaltou o servidor da Polícia Civil de Sergipe.
Tensão com a guerra

Mesmo o curso tendo sido uma oportunidade extraordinária de ampliação dos conhecimentos em torno da cibersegurança, a localização da cidade de Voronezh, na Rússia, com a Ucrânia, despertou também o estado de alerta. “Só de pensar na situação de guerra, aceitar o convite foi o primeiro desafio. Com certeza, a gente fica com receio. E saber que a cidade era próxima à fronteira também causa um certo receio”, descreveu Wagner Lucena, representante de Sergipe.
Apesar da sensação de tranquilidade aos convidados do curso, Wagner Lucena relembrou que era possível visualizar que a guerra estava acontecendo bem próximo de Voronezh. “A gente via que, realmente, eles vivem a guerra. Eles têm sistemas de segurança no espaço aéreo, e toda vez que há uma ameaça os alarmes são acionados. Nós passamos por situações como essa, mas fomos muito bem recebidos desde o primeiro momento que chegamos ao país”, relembrou o oficial investigador sergipano.
Rede de contatos e troca de experiência

Com a conclusão do curso e a vivência de novas experiências em território russo, Wagner Lucena avaliou que as instruções sobre cibersegurança e a tecnologia presente na Rússia foram uma oportunidade de ampliar conhecimentos e rede de contatos. “Para nós, esse networking foi bastante valoroso, pois conseguimos, a partir desse contato com outros países, entendermos como funciona o combate ao crime em outros países, podendo, inclusive, haver colaboração com atividades de inteligência. Foi uma experiência única e fantástica, e a ideia é trazer esse conhecimento para nossos colegas, para nossa polícia”, finalizou o oficial investigador da Polícia Civil de Sergipe.